Os bons e velhos tempos
maio 01, 2022
Oi, quanto tempo…
Fico até sem graça de aparecer assim depois desse sumiço todo. Não, eu não estou preparando nenhuma novidade. Na verdade, eu estou farta delas, me desculpem.
Mas se engana quem pensa que o blog tinha “morrido” por um tempo. Isso é impossível porque ele vive em mim. Talvez eu não tenha publicado nenhum texto ou nem chegado a escrever, mas minha mente funciona como esse blog. Todos os meus sentimentos, toda vez que quero refletir sobre minha vida, os pensamentos invadem minha mente como se eu estivesse contando uma história sabe-se lá para quem. Então, durante meses, esse blog existiu e foi mais assíduo do que nunca, mas ele só existiu dentro de mim.
Estou parada perplexa há dias diante de uma frase de um episódio ruim de uma série que eu amo. A frase é: “gostaria que houvesse uma maneira de saber que estamos nos bons e velhos tempos antes de realmente deixá-los” (é uma frase do final de The Office, muito ruim aquele final).
O fato é que essa frase me fez pensar em tudo que eu tenho percorrido para alcançar os meus sonhos. E quais os meus sonhos? Está aí o problema, minhas prioridades passam por uma reformulação a cada uma semana ou menos. O que eu quero agora? Possivelmente retomar as publicações do meu blog, mas não sei se isso será o que eu quero no próximo domingo.
Vivo um loop em que começo a correr atrás dos meus objetivos com uma energia surreal até ficar extremamente exausta e pensar “é isso mesmo que eu quero?”. Depois disso, me convenço de que preciso ser mais gentil comigo e me dar um tempo para descansar. Depois de poucos dias descansando, começo a sentir a culpa de não estar fazendo nada de proveitoso para minha vida e traço novos objetivos para percorrer. Então volto para o primeiro estágio que descrevi e começa tudo de novo.
Acho que, no fundo, o que queria era voltar a ser quem eu era, mas, para conseguir descrever como eu era antigamente, precisaria dizer quem eu sou hoje, e ta aí uma coisa que eu definitivamente não sei. Olho minhas lembranças no Instagram há um ano e tudo parece tão bonito, tão leve, tão feliz.
Há um ano, lembro que estava em outra cidade e estava me apaixonando por uma pessoa linda. Hoje, ainda estou me apaixonando… pela mesma pessoa. Mas não é a ansiedade boa que quando vou vê-la que me preenche, é uma calmaria maior, um sentimento tranquilo, mas, ao mesmo tempo, a ansiedade de que continue me apaixonando até me perder na contagem dos anos.
Hoje, raramente escrevo textos e declarações sobre coisas nela que me fazem flutuar, acho que me acostumei com o sentimento não me surpreendo quando ele chega de supetão, mas isso é bom.
Como disse por aqui, estou farta das mudanças.
E durante esse tempo tive várias. Tive que me acostumar com mudança de casa, de cidade, de gostos, de sentimentos, de formas de me expressar.
Passei pelos dias escuros e pelos dias de paz, tive que aprender técnicas para conter os sintomas físicos das minhas angústias e também me acostumar com tomar medicamentos que, segundo quem entende do assunto, controlam a minha ansiedade. Não sei dizer se realmente controlam porque não sei dizer mais como eu era sem eles e, consequentemente, não sei dizer como sou com eles.
Comecei projetos inacabados, concluí alunos que estavam na gaveta, comecei e desisti dos exercícios físicos umas muitas vezes. E o curioso disso é que fiz todas essas mudanças sem uma única mudança no corte de cabelo, que era meu símbolo de metamorfose.
Talvez seja por isso que hoje tenha dificuldades de me achar bonita como antes. Eu não tive o impulso de fazer qualquer transformação radical na minha aparência, então cada detalhe de mim hoje carrega uma marca. Possivelmente eu precise ser uma tela em branco outra vez para me colorir com novas histórias.
A Gabriella de hoje passa os domingos quase todos sozinha porque quer descansar, porque o passe de ônibus não funciona, porque não está a fim de ver ninguém ou qualquer motivo desses. Mas, de tardezinha, ela percebe que, mesmo por escolha, ficar na própria companhia pode ser um pouco… solitário. E a melhor companhia aos domingos é esse blog.
Talvez seja um motivo egoísta, um voltar aos velhos tempos com o rabo entre as pernas para dizer que foi um erro deixá-lo. Mas não o deixei, o blog de vivências que nunca saiu do meu imaginário é também o melhor amigo que tenho nesses dias sozinha. Porque, no fim das contas, só eu e as vozes da minha cabeça podemos (nem sempre) dar conta de todas as nossas mudanças.
2 comentários
Amei o texto, Gabi. O final de The Office realmente é bem ruim.
ResponderExcluirQue bom que você voltou a postar, Gabi. Sei bem como é isso de ficar afastado do blog por um tempo sem saber o que postar. Às vezes nem explicar o que a gente sente é possível (se é que a gente sabe o que sente). Mas vou concordar com vocês que esse espaço virtual é muito importante. Terapêutico, eu diria. Sempre que me afasto do meu por um tempo, sinto logo necessidade de voltar. Pense nele menos como seu plano e mais como uma cápsula do tempo. Deixe aqui tudo que você sente e pensa hoje - e no futuro, vai ter um pedaço de si mesma e várias recordações pra te ajudarem a entender melhor quem você é. Bom, pelo menos pra mim ajuda a pensar assim ¯\_(ツ)_/¯ Abraços, Lais :)
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