The Wilds 2ª temporada: preciso opinar sobre o elenco masculino
junho 05, 2022Elenco masculino de The Wilds: vidas selvagens - 2ª temporada |
Acho que todo estudante do ensino médio já passou por aquele professor de humanas que contava a história das irmãs que se perderam na selva e, por isso, aprenderam a se comportar como animais e não como humanas. Eu particularmente adorava esse tipo de história e todas aquelas que mostravam a selvageria humana quando tiradas do contexto de sociedade.
The Wilds para mim é como um desses filmes malucos que meu professor de filosofia passava para nos fazer refletir sobre estado de natureza, loucura humana etc, mas com uma abordagem diferente.
Mas vamos lá porque acho que, antes de entrar nas minhas opiniões, devo a vocês uma explicação rápida sobre a série. The Wilds fala sobre um grupo de garotas de 17 anos que vão (forçadas pelos pais) a uma espécie de retiro espiritual para mulheres, mas esses planos vão por água abaixo (literalmente) quando o avião cai e elas se veem presas numa ilha.
Mas essa não é uma história qualquer de pessoas presas numa ilha e a queda do avião não foi um acidente. Tudo isso faz parte dos experimentos de uma psicopata cientista e a história se divide em momentos na ilha e depoimentos das jovens para a “investigação”. Eu sabia que a série era sobre isso quando comecei a assistir? Óbvio que não. Só me disseram que tinha um casal de mulheres muito lindo e isso foi o suficiente para eu começar a ver.
A primeira temporada é incrível, mas a segunda hmm... Tenho lá meus comentários. E é dela que vou falar hoje, menos de um mês depois do lançamento.
Homens o que tenho a ver
Acho que a maioria das pessoas (especialmente mulheres) que assistem à série ficaram um pouco revoltadas quando, no último capítulo da primeira temporada, revelaram que tinha um grupo de homens em uma ilha também.
Primeiramente que a denominação deles e a contribuição para o experimento da série foram muito confusos e vou falar porque eu acho isso. Se preparem que vou falar de algo que vocês não esperavam: METODOLOGIA CIENTÍFICA. Sou boa nisso? Não. Tenho propriedade para falar disso? Obviamente não tenho! Mas, para o pouco de conhecimento que tenho, achei estranha a denominação deles como “grupo controle”. Vou colocar algumas definições que achei no Google e vejam se concordam comigo.
"Substantivo [Medicina] São os grupos que se submetem a comparação com outros para julgar os resultados; só servem de parâmetro, não são submetidos à intervenção."- Dicio
"Num experimento controlado e comparativo, dois experimentos idênticos são conduzidos. Em um deles, com o grupo controle, o fator testado não é aplicado – recebem um tratamento padrão, um placebo ou nenhum tratamento. Em outro – o tratamento – o fator testado é aplicado. Pode haver mais de um grupo de tratamento, mais de um grupo de controle ou ambos."
"Grupo controle – é um grupo de sujeitos designados para o tratamento controle. Serve como base de comparação para o grupo que recebe o tratamento em teste.Grupo experimental – é o grupo de sujeitos designados ao tratamento em teste. É contrastado com o grupo controle para chegar a uma conclusão sobre um fator, condição ou tratamento."
- FMT-HVD
"O grupo de controlo é o grupo que, num plano experimental, é alvo de pré-teste e de pós-teste, mas não de tratamento ou de intervenção (1979, Landsheere - Dictionnaire de l'évaluation et de la recherche en éducation. Paris: PUF)"
- INFOPÉDIA
Se os homens são um grupo controle, eles não deveriam ser submetidos às mesmas condições que as meninas. “Mas o elemento que diferencia o grupo controle do experimental no estudo é o gênero”, pensei isso para justificar, mas acredito que a diferença dos grupos dos experimentos precisa estar no tratamento. Então não faz sentido chamar eles de grupo controle se eles estão sendo alvo de um EXPERIMENTO. Eles são um grupo experimental também ué. Ta explicado agora porque a pesquisa da Gretchen não foi aprovada (além do fato de que é psicopatia e pode ocasionar a morte de adolescentes), metodologia muito fraca, CNPq e Capes iam rir da cara dela.
Achei que toda a pesquisa fica mal explicada e eu ainda não entendi que diabos eles tão analisando ali então não tem como dizer se era realmente necessário colocar homens no estudo. A presença deles até parece fazer sentido depois de analisar a série, mas isso não muda o fato de que eu não queria ver eles.
Enfim, percebam meu nível de parcialidade quando eu começo a pesquisar metodologia científica para justificar o fato de que eu não queria homens na série. Agora pergunta se eu estou me preparando para fazer um TCC...
Esperava nascimento de um novo coringa, recebeu masculinidade tóxica
Agora, já que eles já estão na série e não tem mais como tirar, vou dizer o que acho de cada um. Vou parar de ser tão má com eles porque já está ficando feio, MAS gostaria de dizer aos autores da série algo importante: caras, é completamente inviável ter 16 personagens relevantes e conseguir desenvolver todos eles, alguns meninos até tem potencial, mas tentaram falar da trajetória de gente demais e ficou tudo muito raso.
Confesso que eu tive uma certa expectativa quando começaram a dar indícios de que houve alguns mistérios na ilha e de que eles tinham “virado monstros”. Eu esperei algo no estilo do filme “O Senhor das Moscas”, em que vários meninos de uns 12 anos ficam presos numa ilha e uma parte deles decide não seguir mais as regras e convenções sociais e eles começam a agir na mais completa selvageria.
No entanto, o que tivemos foi uma masculinidade tóxica e uma militância rasa, às vezes dava vergonha alheia. Esperava um novo Coringa e recebi (me perdoem pelas palavras) caras fixados por rola.
As únicas histórias que não giravam em torno da questão sexual foi a dos amigos Scotty (Reed Shannon) e Bo (Tanner Rook). Confesso que tenho um carinho pela história de amigos trambiqueiros e empreendedores contra o mundo. Eles me parecem ter muitas cicatrizes, mas acho que a história deles deixou muito a desejar, faltou desenvolvimento, faltou tempo de tela. Espero realmente que tragam mais deles (eu tenho a sensação de que um dos dois vai se envolver com uma das meninas, mas é só uma sensação mesmo).
Enquanto isso, deram boa parte do tempo de tela para um personagem quase que obrigatório nas séries adolescentes: o atleta explosivo com todas as características de masculinidade tóxica e problemas parentais. Esse personagem geralmente é um saco, mas costuma ter um desenvolvimento legal. Por vezes colocam esse personagem para ser um homossexual enrustido, felizmente não fizeram essa marmota com o Kirin (Charles Alexander). Vejo uma certa sensibilidade e preocupação os demais, como uma figura masculina, adulta e forte. Para mim, foi a única pessoa que pareceu realmente se transformar com a experiência na ilha.
O Josh (Nicholas Coombe) também mudou consideravelmente depois do que aconteceu com ele. Na real não sei se foi uma mudança de fato, pareceu mais um despertar, a verdadeira definição de “o sonho do oprimido é ser opressor”. Ele parece ser um cara rico e carente de afeto e o afeto faz com que ele projete figuras de idolatria como fez com o Seth (Alex Fitzalan) e depois com o Kirin. A forma como a raiva toma de conta dele é bem simbólica. Acho ele chatinho e puxa saco, mas esse lado raivoso dele pode render bastante coisa.
Aliás, uma coisa que me incomodou foi essa não transformação deles (o que é bem perceptível em algumas das meninas). Não acho que seja possível uma pessoa passar por uma experiência assim numa ilha e continuar a mesma (sei que é uma ficção, mas até as ficções precisam pensar no possível e no impossível), e não senti a mudança dos meninos tão nítida.
Em alguns eu nem sequer percebi uma mudança, como no nosso emo gótico fã de My Chemical Romance. Não tenho muito o que falar sobre a narrativa do Henry (Aidan Laprete) porque ela simplesmente não existe. Ele é isso que falei, e ele é legal, mas não tem muito além disso.
Assim como o Henry, senti que o Ivan (Miles Gutierrez-Riley) foi um personagem raso e pouco explorado. Confesso que eu tinha expectativa de que o único personagem gay na ilha tivesse uma história legal, mas ele não passou de uma representação estereotipada das causas que ele representa. The Wilds mirou na representatividade e acertou no que os LGBTs detestam: personagens cuja orientação sexual parece o único enredo.
Gostaria de lembrar que adoro essa série, mesmo que eu esteja acabando todos os personagens aqui. Personagens chatos, maus e problemáticos também são bons personagens, não gosto de nenhum dos caras, mas to louca para saber mais sobre eles.
O Rafa (Zack Calderon) me deixou um pouco decepcionadinha. Deu a entender que ele seria o protagonista entre os oito e a história dele parecia que ia ser mais interessante do que realmente foi. O mais chatinho pra mim, tenho zero expectativas pra ele.
Enfim nosso Coringa
Simplesmente o cara mais bem desenvolvido é um sociopata, nosso famoso Seth (coincidentemente o mais bonito do grupo, me pergunto se isso foi intencional). Não fiquei surpresa, nem decepcionada, na real eu adorei!
Esperava que ele ia coringar muito, pegar o isqueiro que tinha no bolso e colocar fogo em alguma coisa. Isso pareceria um pouco mais interessante do que esse negócio de ser banido, depois voltar para o grupo etc.
Fora isso, acho que eles acertaram muito nas expressões corporais e na escolha do ator. Em alguns momentos o personagem era tão dissimulado que eu mesma acreditei que ele teria um arco de redenção (não tinha tido uma ilusão assim por um homem há anos). Mas não vou nem me culpar porque a forma como ele busca a aceitação das pessoas é muito manipuladora e o tique dele... Meu deus, eu adoro personagens que tem algum tipo de tique nervoso, isso dá um elemento de psicopatia que eu acho muito massa.
Apesar de me deixar bem agoniada, pois o tique dele era esfregar a mão fechada no chão até ficar muito vermelha e ralada, eu achei isso bem legal porque parece trazer uma coisa meio sadomasoquista.
Eu realmente espero que fale mais sobre ele porque é interessante ver o surgimento de uma pessoa assim, ele poderia ser facilmente um vilão do Batman. E ele vai infernizar muito na terceira temporada pelo simples motivo de que ele não aceita que as pessoas o adorem. Espero que ele fique mais doido ainda, pois adoro acompanhar a evolução da loucura dos personagens.
É isso que espero para a terceira temporada: gente ficando louca, selvagem, tendo alucinações, arrumando briga e perdendo o senso de vida em sociedade. Vou virar professora de sociologia só para passar essa série na turma.
Mas, para esse texto não ficar grande demais, por hoje é só. Agora que vocês tem minhas opiniões sobre cada um (não sei se concordam ou não), fiquem de olho porque tenho muitas teorias sobre o que vem por aí.
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